Intercâmbio na Argentina: tudo o que você precisa saber

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25 de novembro de 2017
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Intercâmbio na Argentina: tudo o que você precisa saber

Mesmo com todas as piadinhas e rivalidades, a Argentina é um dos países mais procurados por brasileiros que querem estudar no exterior. Um pouco se deve à facilidade: pela proximidade, as passagens aéreas são mais baratas; a capital, Buenos Aires, está localizada no mesmo fuso horário de Portugal e mesmo quem não fala uma palavra de espanhol consegue se virar durante um intercâmbio na Argentina.

Outros fatores, porém, também contribuem para que a Argentina seja uma boa opção de intercâmbio: suas universidades são de qualidade e, em grande maioria, gratuita (mesmo para estudantes internacionais!); o custo de vida é bem mais baixo do que outros destinos europeus e, mesmo estando na América Latina, o país foi colonizado por espanhóis e carrega uma herança cultural europeia muito forte. Por isso, passear pelas ruas de Buenos Aires é sentir-se um pouco na Europa, sem precisar cruzar um oceano.

O semestre letivo da Argentina é igual ao do Brasil, ou seja, o primeiro semestre começa em fevereiro e acaba em junho/julho, e o segundo semestre começa em julho/agosto e termina em dezembro. Todas estas razões fazem com que mais de 43 mil estudantes brasileiros estejam fazendo intercâmbio em Buenos Aires. Confira abaixo tudo o que você precisa saber para ser um deles.

A jornalista Marina Fontanelli, de 25 anos, fez intercâmbio em Mendoza, a 4ª maior cidade da Argentina, e recomenda a experiência para todo mundo. “Foi importante para a construção da minha identidade”, diz ela, que se sentiu mais latinoamericana depois do intercâmbio na Argentina.

Principais Destinos para Intercâmbio na Argentina:

Estudar em Buenos Aires
Não é preciso cruzar o oceano para ter acesso a boas escolas e universidades: a Universidade de Buenos Aires (UBA), por exemplo, está entre as 20 melhores da América Latina, segundo o ranking da consultoria britânica QS. Na capital Buenos Aires, os protestos são quase diários e faixas e cartazes já fazem parte da paisagem nas imediações da Casa Rosada, sede da Presidência da República.

Mesmo com o custo de vida em Buenos Aires um pouco mais elevado do que no interior do país, ainda sai mais barato do que estudar em uma universidade privada do Brasil.

Estudar em Córdoba e Mendoza
Outros dois destinos muito procurados por brasileiros são Córdoba e Mendoza, no interior. Entre os benefícios de não estar na capital é o menor contato com brasileiros – o que possibilita uma imersão maior no idioma e na cultura local, além de um custo de vida mais baixo que na capital.

Com quase 1,3 milhões de habitantes e situada no centro do país, a cidade de Córdoba é conhecida por ser uma “cidade universitária”. Isso por sua tradição acadêmica universitária e devido aos milhares de estudantes argentinos de todas as províncias que decidem fazer seus estudos nas universidades cordobesas. A principal delas – Universidad Nacional de Córdoba (UNC) – possui aproximadamente 110 mil alunos e seu Campus se localiza a poucos minutos, a pé, do centro da cidade.

Aos pés da Cordilheira dos Andes está Mendoza, uma das cidades mais bonitas da Argentina. Conhecida mundialmente por ser a quinta maior produtora de vinho do mundo, é uma região que tem muito mais a oferecer – inclusive diversas opções de atividades ao ar livre e prática de esportes radicais. Destaque ao pico do Aconcágua, o ponto mais alto das Américas, com 6.962 metros.

Custo de vida para estudar na Argentina
A realidade é que o custo de um intercâmbio na Argentina já foi mais baixo – tanto por conta da moeda brasileira, que desvalorizou, quanto pela inflação do peso argentino. O custo de vida da capital Argentina é semelhante ao de São Paulo, girando em torno de mil a 2 mil reais mensais. Porém, além das universidades públicas serem gratuitas, as mensalidades das faculdades particulares também são significantemente mais baixas do que as brasileiras.

Durante seu intercâmbio em Mendoza, Marina estudou na Universidade Nacional de Cuyo (UnCuyo). Através de uma parceria com a Unesp, ela recebia uma bolsa mensal de R$400,00 para cobrir gastos com moradia e alimentação. “Apesar de o custo de vida em Mendonza ser mais barato do que em São Paulo, por exemplo, esse valor não é suficiente para o mês. Eu diria que é possível viver na cidade com R$ 800 mensais.”, relembra.

O estudante internacional, porém, não tem permissão para trabalhar durante seu intercâmbio na Argentina.

Estudar Espanhol na Argentina
De acordo com estatísticas do governo argentino, as escolas de idiomas da capital argentina recebem cerca de 30 mil estudantes por ano, o que faz de Buenos Aires a segunda cidade mais popular para aprender espanhol no mundo, atrás apenas de Madri.

Os cursos intensivos (20 horas por semana) são os mais comuns e, em geral, há turmas começando todas as segundas-feiras, com preços a partir de 400 reais por semana. Outras opções são cursos mais longos – que duram um quadrimestre – ou aulas particulares de espanhol, mais caras que os cursos intensivos.

Existe também a possibilidade de estudar espanhol dentro das próprias universidades públicas argentinas. A Universidade de Buenos Aires, por exemplo, oferece cursos por preços abaixo da média. Lá também é possível fazer pacotes “combinados” de cursos, mesclando o idioma com aulas de fotografia, tango e até esqui – com a vantagem de que o certificado da UBA é muito bem visto no mercado de trabalho.

Graduação e Pós-Graduação na Argentina
Dentre as 131 universidades existentes e credenciadas na Argentina, 66 são públicas e gratuitas – 80% dos alunos argentinos estudam de graça nestas instituições. Em todos os casos, tanto nas públicas como nas particulares, não há vestibular para ingresso. Para aceder aos cursos, é necessário fazer um Ciclo Básico Comum (CBC) com disciplinas relacionadas ao curso escolhido – e quem é aprovado em todas as disciplinas do CBC tem acesso garantido ao curso universitário. As inscrições para o ano letivo que se inicia em fevereiro são feitas em outubro e novembro. Confira mais informações no portal oficial do governo para estudantes internacionais.

Além do Ciclo Básico Comum, a maior parte das universidades argentinas exigem um certificado de proficiência em espanhol de estudantes estrangeiros. Saiba mais aqui sobre o DELE, o exame de proficiência mais aceito.

Estudar Medicina na Argentina
Um dos cursos mais procurados por brasileiros que vão estudar na Argentina é a Medicina. Isso porque, aliado à qualidade do curso gratuito das instituições públicas, o acesso é menos concorrido que o de universidades brasileiras. A mineira Ana Paula Braga foi para a Argentina em 2015, passou por todas as disciplinas do CBC e agora estuda Medicina na UBA. “Isso não quer dizer que seja fácil. Já conheci muito brasileiro desiludido por aqui. Não só o CBC exige dedicação, como também o curso escolhido, o que leva muitos alunos a desistirem”.

O sistema de ensino também é diferente do brasileiro. Ela não possui aula todos os dias e sua carga horária varia de acordo com o que está fazendo. “Normalmente, são 4 horas por matéria, mas você precisa chegar na aula com o conteúdo já estudado, porque o tutor faz perguntas, pede para os alunos falarem sobre o assunto e depois apresentarem suas dúvidas”. Nos primeiros anos, as provas de medicina são divididas em 3 partes: oral, escrita e múltipla escolha. O curso tem uma duração total de 7 anos. Após isso, o estudante ainda precisa trabalhar por 6 meses como interno em um hospital.

Intercâmbio Acadêmico na Argentina
Quem está matriculado em uma universidade brasileira e deseja realizar um período de estudos no vizinho azul e branco pode contar com algumas possibilidades de bolsas de estudos. O Banco Santander oferece, desde 2011, bolsas de estudos a jovens brasileiros que possuem excelência acadêmica e possui parceria com 71 universidades argentinas. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) também oferece, através de projetos de cooperação, bolsas de pesquisa para intercâmbio na Argentina.

O mais recomendável, nestes casos, é verificar junto do departamento internacional da sua Faculdade quais são as parcerias estabelecidas no país.

Visto de Estudante para Intercâmbio na Argentina
Não é necessário ter um visto para estudar na Argentina por até 90 dias. Pelo acordo do Mercosul, brasileiros podem ingressar no país com RG ou passaporte, desde que estejam dentro do prazo de validade.

Quem ficará por um período superior no país, porém, devem solicitar permissão de residência perante a Dirección Nacional de Migraciones. Para isso, basta levar um comprovante de matrícula da instituição de ensino, documento de identidade ou passaporte, comprovante de antecedentes criminais e o comprovante de pagamento de uma taxa de emissão.

 

Fonte: Época Negócio

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